27.5.05
Beat
Nunca considerei meus textos como poesia, pra mim sempre foram apenas... textos! Acho que não tive um contato agradável, confortável com poesia, talvez por conta das poesias que fomos obrigados a ler no colégio, que sempre me pareceram tão... distantes. Não gosto de falar de mim, mas o fato é que eu não sou (ou não era?) um cara muito sentimental, e quando lia poesias, e quase todas as que líamos eram, de amor romântico, inatingível, sofrido, ou mesmo de qualquer outra forma de amor, eu torcia o nariz, pois, a bem da verdade, eu não me identificava com nenhuma... Hoje sou mais aberto a essas formas de se expressar, até às mais românticas e sofridas e inatingíveis. Mas algo que realmente me marcou recentemente, foi ter descoberto os poemas dos autores Beat americanos, a liberdade do estilo, e ao mesmo tempo a fidelidade ao estilo, por mais contraditório que possa parecer... a fluidez e o desprendimento das fórmulas, realmente me impressionaram...
Não vou dar grandes explicações sobre a Geração Beat e o que caras como Kerouac, Ginsberg, Corso e Burroughs, entre muitos outros, representaram para a literatura e a cultura (pop ou não) e contracultura como as conhecemos hoje...
Vou apenas postar um poema de Gregory Corso, que fala por mim e por si só...
I Am 25
With a love a madness for Shelley
Chatterton Rimbaud
and the needy yap of my youth
has gone from ear to ear:
I HATE OLD POETMEN!
Especially old poetmen who retract
who consult other old poetmen
who speak their youth in whispers,
saying : --- I did those then
but that was then
that was then ---
O I would quiet old men
say to them: --- I am your friend
what you once were, thru me
you'll be again ---
Then at night in the confidence of their homes
rip out their apology-tongues
and steal their poems.
Não vou dar grandes explicações sobre a Geração Beat e o que caras como Kerouac, Ginsberg, Corso e Burroughs, entre muitos outros, representaram para a literatura e a cultura (pop ou não) e contracultura como as conhecemos hoje...
Vou apenas postar um poema de Gregory Corso, que fala por mim e por si só...
I Am 25
With a love a madness for Shelley
Chatterton Rimbaud
and the needy yap of my youth
has gone from ear to ear:
I HATE OLD POETMEN!
Especially old poetmen who retract
who consult other old poetmen
who speak their youth in whispers,
saying : --- I did those then
but that was then
that was then ---
O I would quiet old men
say to them: --- I am your friend
what you once were, thru me
you'll be again ---
Then at night in the confidence of their homes
rip out their apology-tongues
and steal their poems.
16.5.05
Sunshine
Bom dia, Brilho-do-Sol!
Não sei como está o tempo,
o clima lá fora
mas hoje é um belo dia.
É o poder dos seus sorrisos
efeito colateral da noite de ontem.
Esta manhã,
não quero sair da cama,
pois há um Anjo adormecido,
deitada ao meu lado.
Quero só ficar aqui
descansando minha cabeça
assistindo você respirar
esperando o abrir de seus olhos.
É a primeira vez que me sinto assim,
acordar
e acreditar que ainda estou sonhando,
é uma sensação diferente,
parece uma cura.
Ontem eu achei que o mundo iria desabar
e me esmagar sob seu peso,
mas você veio
levou meus medos embora,
então,
não quero fechar os olhos
não quero piscar e perder você acordando,
te deixar e voltar
a ser quem eu era,
voltar
pra quando meu coração doía.
Você me trouxe esperança
e algo que achei que eu nunca teria,
me deu amor de um jeito que eu não esperava.
Por isso, durma, meu Anjo...
Eu sei que você acordará quando o Sol nascer...
Não sei como está o tempo,
o clima lá fora
mas hoje é um belo dia.
É o poder dos seus sorrisos
efeito colateral da noite de ontem.
Esta manhã,
não quero sair da cama,
pois há um Anjo adormecido,
deitada ao meu lado.
Quero só ficar aqui
descansando minha cabeça
assistindo você respirar
esperando o abrir de seus olhos.
É a primeira vez que me sinto assim,
acordar
e acreditar que ainda estou sonhando,
é uma sensação diferente,
parece uma cura.
Ontem eu achei que o mundo iria desabar
e me esmagar sob seu peso,
mas você veio
levou meus medos embora,
então,
não quero fechar os olhos
não quero piscar e perder você acordando,
te deixar e voltar
a ser quem eu era,
voltar
pra quando meu coração doía.
Você me trouxe esperança
e algo que achei que eu nunca teria,
me deu amor de um jeito que eu não esperava.
Por isso, durma, meu Anjo...
Eu sei que você acordará quando o Sol nascer...
14.5.05
ESTRANHAMENTE NORMAL
Eu só espero que nada fique entre nós
que os dias passem tranquilos
com uma briga ou duas talvez
um "eu não quero mais olhar pra sua cara!"
ou "eu não aguento esse teu jeito..."
Pra dar um tempero
pra gente rir depois
de nós mesmos
Eu só espero que nada atrapalhe
esse relacionamento
talvez um pouco de choro
uma dicussãozinha calorosa
alguns pratos e vasos quebrados
Pra gente ter que juntar tudo depois
você passando a vassoura
eu segurando a pá do lixo
Tomara Deus que tudo corra bem
que sejamos um casal normal
Sem agressões físicas
que eu sou contra a violência
Mas com uma ou outra ameaça de sair de casa
uma mala pronta encontrada na porta
depois daquela "reunião que acabou tarde"
pra eu pedir perdão com lágrimas nos olhos
e você aceitar,
só pra poder jogar na minha cara depois
quando eu me recusar a fazer algo por você
Torço pra que a gente se desentenda
pra depois se entender
passo dois trabalhos pra te ver contrariada
e depois, com alívio, perceber
que você não vive sem mim
e eu não aguento ficar longe de você
que os dias passem tranquilos
com uma briga ou duas talvez
um "eu não quero mais olhar pra sua cara!"
ou "eu não aguento esse teu jeito..."
Pra dar um tempero
pra gente rir depois
de nós mesmos
Eu só espero que nada atrapalhe
esse relacionamento
talvez um pouco de choro
uma dicussãozinha calorosa
alguns pratos e vasos quebrados
Pra gente ter que juntar tudo depois
você passando a vassoura
eu segurando a pá do lixo
Tomara Deus que tudo corra bem
que sejamos um casal normal
Sem agressões físicas
que eu sou contra a violência
Mas com uma ou outra ameaça de sair de casa
uma mala pronta encontrada na porta
depois daquela "reunião que acabou tarde"
pra eu pedir perdão com lágrimas nos olhos
e você aceitar,
só pra poder jogar na minha cara depois
quando eu me recusar a fazer algo por você
Torço pra que a gente se desentenda
pra depois se entender
passo dois trabalhos pra te ver contrariada
e depois, com alívio, perceber
que você não vive sem mim
e eu não aguento ficar longe de você
Verso Emprestado
Singrando os oceanos da internet, eis que chego, com meu botezinho capenga, em praias lusitanas, onde deparo-me com o deliciosamente irreverente, romântico e, como o próprio nome já avisa, erótico, Erotismo na Cidade.
Recomendo, aliás, recomendo é pouco, obrigo a toda e qualquer alma penada que passar por este blog, a ler os cantos publicados aqui.
Encontrei-me nos versos que preenchem o Erotismo na Cidade, e, como bom pirata (ou pirata bom?) que sou, pedi permissão para postar no Sétima Arte um desses poemas:
Recomendo, aliás, recomendo é pouco, obrigo a toda e qualquer alma penada que passar por este blog, a ler os cantos publicados aqui.
Encontrei-me nos versos que preenchem o Erotismo na Cidade, e, como bom pirata (ou pirata bom?) que sou, pedi permissão para postar no Sétima Arte um desses poemas:
Verso Fodido
Escrevo o verso
Risco o verso
Rasgo o verso
Volta zangado
Fodido
Tramado
Querendo ser rima.
Fecho o caderno
Parto a caneta
Recuso ao verso a rima
Recuso ao verso ser.
Raio de verso
Convencido
Fodido
Tramado
Querendo ser escrito
Querendo ser fado
O meu
Que só quero o verso esquecer.
por Encandescente
Muito obrigado Encandescente!!!
12.5.05
Why Fellini? Part 02
"Qualche volta, la notte, quest'oscurità, questo silenzio, mi pesano. E' la pace che mi fa paura. Temo la pace più di qualsiasi altra cosa: mi sembra sia soltanto apparenza e che nasconda l'inferno. Pensa a cosa vedranno i miei figli domani ... Il mondo sarà meraviglioso, dicono. Ma da che punto di vista, se basta uno squillo del telefono ad annunciare la fine di tutto?"
2.5.05
Paixão Renovada - Parte 02
Ontem assisti ao documentário Edifício Master, do diretor Eduardo Coutinho. Trata-se de um interessante estudo antropológico, filmado inteiramente no tal Edifício Master, um prédio de apartamentos (ou deveria dizer "apertamentos"?) no bairro de Copacabana no Rio de Janeiro. O prédio, de 12 andares, com nada menos que 23 apartamentos por andar e cerca de 500 moradores, é, por si só, um personagem do filme, com seus corredores estreitos e escuros, seus apartamentos igualmente estreitos e invariavelmente escuros, já que a decoração dada pelos moradores, apesar de diversa, geralmente assume os mesmos tons opressivos, e suas janelas quase que incontáveis e quase idênticas. Apesar de não haver uma panorâmica do prédio, mostrando-o em toda sua dimensão, a mensagem é clara, trata-se de um colosso, um monstro. O filme apresenta 37 depoimentos de moradores, a maioria de idosos, aposentados, com poucas excessões. Não vou comentar nenhum em especial, apenas uns pontos em comum: a referência à solidão vem de todos os lados, representada pelo abandono dos filhos, pela falta de um amor, pelo encontro de companheiros que, resignados, se "juntam" pelo medo de uma velhice solitária; os poucos jovens apresentados fazem referências distintas à liberdade e responsabilidade, todos de maneira interessante e sob diferentes graus de maturidade; vários homens, idosos, fizeram questão de declararem-se emotivos, sentimentais, sensíveis, logo no começo da entrevista, e se entregaram com mais frequência às lágrimas que as mulheres, suas relações com o trabalho e a óbvia constatação de seu sentimento de inadequação à uma sociedade jovem, foram razões que se destacaram nessas manifestações de emotividade.
Enfim, em minha incursão por esse gênero cinematográfico, tão pouco valorizado, tive duas excelentes surpresas, que só fizeram aumentar a minha paixão pela Sétima.
Enfim, em minha incursão por esse gênero cinematográfico, tão pouco valorizado, tive duas excelentes surpresas, que só fizeram aumentar a minha paixão pela Sétima.
Paixão Renovada - Parte 01
Tenho procurado, nos últimos tempos, dedicar-me um pouco mais à formas alternativas da arte cinematográfica.
Recentemente tive o prazer de assistir Ônibus 174, primoroso documentário, dirigido por José Padilha, sobre a tragédia que chocou o Brasil e o mundo e que teve como protagonista o jovem Sandro do Nascimento, que sequestrou o referido ônibus e seus passageiros durante uma longa tarde do Rio de Janeiro. Armado com um revólver, ele ameaçou a vida de um grupo de mulheres. Quando depois de várias horas resolveu sair do ônibus, possivelmente dando um último passo para se entregar, acompanhado de uma refém que supostamente lhe serviria de escudo humano, foi atacado por um policial incompetente, que, ao tentar alvejá-lo com um tiro de AK-47 a poucos centímetros de sua cabeça (???), errou o disparo e acabou por matar a refém, uma jovem, grávida.
O grande trunfo deste documentário, é que não faz julgamentos fáceis, não retrata Sandro como um louco, assassino, na verdade, o filme resgata a história de Sandro, sua trajetória até ali. Ainda criança, viu sua mãe arrastar-se para fora do bar/mercearia do qual era dona com uma faca encravada nas costas. Não bastasse presenciar o assassinato da própria mãe, Sandro foi sobrevivente de outra tragédia, que também ganhou repercussão mundial, a chacina da Candelária, quando um grupo de policiais "justiceiros" tomou de assalto as escadarias da Igreja da Candelária no Rio de Janeiro e atirou contra um grupo de menores sem-teto que passavam suas noites ali, ele era um desses menores.
Uma vida de muita dor, muito sofrimento, muitas incertezas, aliás, certeza, apenas uma, a de que morreria cedo, como morreu, asfixiado pelos policiais que se amontoaram sobre ele no camburão quando foi preso.
Recentemente tive o prazer de assistir Ônibus 174, primoroso documentário, dirigido por José Padilha, sobre a tragédia que chocou o Brasil e o mundo e que teve como protagonista o jovem Sandro do Nascimento, que sequestrou o referido ônibus e seus passageiros durante uma longa tarde do Rio de Janeiro. Armado com um revólver, ele ameaçou a vida de um grupo de mulheres. Quando depois de várias horas resolveu sair do ônibus, possivelmente dando um último passo para se entregar, acompanhado de uma refém que supostamente lhe serviria de escudo humano, foi atacado por um policial incompetente, que, ao tentar alvejá-lo com um tiro de AK-47 a poucos centímetros de sua cabeça (???), errou o disparo e acabou por matar a refém, uma jovem, grávida.
O grande trunfo deste documentário, é que não faz julgamentos fáceis, não retrata Sandro como um louco, assassino, na verdade, o filme resgata a história de Sandro, sua trajetória até ali. Ainda criança, viu sua mãe arrastar-se para fora do bar/mercearia do qual era dona com uma faca encravada nas costas. Não bastasse presenciar o assassinato da própria mãe, Sandro foi sobrevivente de outra tragédia, que também ganhou repercussão mundial, a chacina da Candelária, quando um grupo de policiais "justiceiros" tomou de assalto as escadarias da Igreja da Candelária no Rio de Janeiro e atirou contra um grupo de menores sem-teto que passavam suas noites ali, ele era um desses menores.
Uma vida de muita dor, muito sofrimento, muitas incertezas, aliás, certeza, apenas uma, a de que morreria cedo, como morreu, asfixiado pelos policiais que se amontoaram sobre ele no camburão quando foi preso.
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